A relação direta entre tecnologia e educação sempre existiu e não se faz, ou pelo menos não deveria se fazer, surpresa a ninguém na pandemia.
A educação não nasce exclusivamente da abstração, no sentido de se desligar da realidade concreta da sociedade, mas em relação direta com tudo que a humanidade cria e recria, constrói e destrói, da sua evolução e desenvolvimento que podemos classificar desde o período neolítico, de transição da pré-história para a história, no qual a sociedades tornam-se mais complexas. A educação teve a função de manter o "status quo" reproduzindo e as relações de poder hegemônicas correspondente a cada período até os dias de hoje. A necessidade levou o ser humano a criar e construir escolas, desenvolver propostas pedagógicas e desenvolver recursos didáticos, os quais podemos considerar a aplicação de recursos no sistema de aprendizagem.
Na história contemporânea, houveram mudanças efetivas nos paradigmas que norteavam a educação, apresentando novas formas e metodologias de ensino e seus objetivos.
Com o advento das políticas liberais travestida de democratização, países conhecidos como imperialistas, em nome do progresso e do desenvolvimento que matou milhões de pessoas dos continentes africano, asiático, Oceania e a própria América, exploraram o máximo que foi possível deixando explícito e implícito, formas de educar tanto povos com os quais se viam em conflito como seus próprios povos. Regimes totalitários como o fascismo e o nazismo também nos apresentam formas de educar baseadas na queima de livros e na mentira. Mais uma face do capitalismo em ação.
O neoliberalismo com sua voracidade anti Estado, ou melhor, em defesa do Estado Mínimo contrariando os serviços básicos que atendem as necessidades fundamentais da população, pois tudo que está sob controle do Estado não é passível de exploração de forma privada. Umas das grandes falácias dos governos que representam os interesses dos grandes empresários, industriais, banqueiros, latifundiários que defendem a hipótese meritocrática em detrimentos dos fatos históricos que deixam claro, segundo a afirmação de Silvio de Almeida, Allyson Leandro Mascaro, Florestan Fernandes, Caio Prado Jr., entre outros, que vivemos numa sociedade desigual e esta desigualdade está enraizada na estrutura política, econômica e social do Brasil. Os setores da economia de iniciativa pública se coloca em prática na lógica da exploração, acumulação e concentração de riquezas quando destina às mãos de pouquíssimas pessoas tudo que é produzido no país, pois ele (o Estado) é a instância política onde se delibera a objetivação dos interesses de classes. As estatísticas apontam para o aumento de bilhões dos na riqueza contabilizada dos super ricos brasileiros em meio a pandemia, sobre a qual a miséria também aumenta desmesuradamente, a concentração da terra aumenta, as queimadas em áreas indígenas se alastram como nunca, o assassinato da população negra fica escancarada.
Como a escola pública, ou o sistema de ensino público, realiza parceira com o grande capital, ou seja, como se alia aos ricos que elevam suas riquezas num momento de crise e empobrecimento do povo exigindo dos trabalhadores que sacrifiquem sua própria vida e de sua família? Podemos apontar tres fatores elucidativos. Primeiro, garantir a política premeditada de transferência de fundo público, ou seja, usar o dinheiro público como forma de investimento em parcerias com empresas privadas como se estivesse resolvendo problemas de caráter emergencial da sociedade. Segundo, usar o mesmo fundo público na compra de equipamentos que não resolvem os problemas pedagógicos em meio a pandemia. Em terceiro, e por último, no fornecimento de dados de usuários das redes com a implementação do ensino remoto como nos nos mostra o artigo de um grupo de pesquisa científica Lavits. O business não é progresso, não é benefício para nós trabalhadores, nossas vidas não são mercadorias que podem ser agenciadas de forma ecusa por uma classe que detém a hegemonia econômica e política neste momento da história.
Abaixo está o link de um grupo de pesquisas, Lavits, no qual podemos obter informações que interessam a grandes corporações sobre os dados de cada usuário da rede. Após assistir o documentário veiculado pela corporação Netflix, "O Dilema das Redes", o artigo publicado no site da Lavits faz muito mais sentido.
Boa leitura a todas e todos e, como sempre, divirtam-se! Estudar não é castigo!